35 dias em casa. Saí­ um dia apenas para ir ao banco e comprar algumas coisas. No mais, temos pedido tudo pelo delivery: mercado, remédios, sacolão.. Comida pronta pedimos pouca até agora; foram apenas pizza e macarrão.

Enfim, acordei hoje pensando em quais são os reais desafios desse perí­odo. Não poder/dever sair de casa é chato. Mas não é a pior coisa do mundo. Se você está em um lugar tranquilo, é algo de fácil adaptação.

Ruim é não poder ir ver os demais familiares. Não poder ir até eles, entrar, tomar um café e conversar fiado. Todos esses dias sem poder ficar um pouco com minha mãe e irmãos é paia. Muito paia.

Dentro de casa tenho dado meus pulos. Tenho tentado fazer alguns exercí­cios para o joelho e a bicicleta faço com mais frequência. Tenho cuidado da alimentação de todos e, na medida do possí­vel, vamos levando os dias. Podia estar fazendo bem mais pelo joelho, mas aff.. que saco.

Sobre estar “presa” dentro de casa, por aqui não tenho tédio. Os dias são muito atarefados. Até demais. Pouco tempo de paz tenho para vir ao blog, escrever a toa. Sempre tem um servicinho pra fazer. Se estou parada é porque deixei algo por fazer ou posterguei simplesmente. Ficar sozinha também é difí­cil, mas rola de vez em quando.

Enfrentar o medo de pegar a doença é, sem dúvidas, o maior dos desafios. Em casa sou eu, marido e filhos crianças. Não somos jovenzinhos e a maioria da galera da famí­lia – que é grande – também não é.

É o medo que traz as maiores chateações, como ter que lavar tudo o que chega em casa. Ontem chegaram as compras do sacolão e eu fiquei, sem exagero, duas horas lavando e higienizando tudo. Compramos muita coisa, para o maior perí­odo possí­vel sem perder as frutas e legumes, então chegou bastante coisa. Lavei tudo, coloquei algumas coisas na água sanitária.. A compra chegou tarde, quase 19 horas. Então eu já estava cansada e fiquei mais ainda quando terminei.

Sair de casa com máscara e preocupado porque pode tocar em algo sujo ou ser contaminado pela tosse ou espirro de outro também é um saco. Você sai tenso e ainda é obrigado a ver uns imbecis não se preocupando com o contágio.

Outro desafio é suportar a polí­tica brasileira. Enfrentar uma epidemia e ter um animal sem rabo na presidência é algo difí­cil de engolir. O mundo inteiro, praticamente todos os presidentes e primeiro ministros (salvo uns 2 idiotas espalhados em uns rincões sem sentido) sendo prudentes e o sujeito incitando a população ao conví­vio próximo e í  aglomeração, defendendo o seu “direito de ir e vir”.

O cara defende torturador, acha que a ditadura matou pouco, sugere a morte de opositores, defende que a minoria polí­tica seja relegada e mais um monte de sandices e dá chiliquinho porque seu “direito de ir e vir” está comprometido.

Ele quer se livrar da responsabilidade pela crise econômica que vai assolar o pais – todos sabemos disso – mas é de uma ignorância e psicopatia tão grandes que não dá pra aturar. Muitos ainda seguem esse energúmeno e quando ele sai í s ruas faz com que inúmeras outras pessoas façam o mesmo. Por aqui estamos confiantes no prefeito Kalil e tenho dado graças a deus que ele teve mais votos que o opositor evangélico.

Quanto a leituras, tenho conseguido ler muito menos do que eu gostaria e as redes sociais são as pragas que roubam o tempo. A ansiedade em ver notí­cias, em acompanhar debates e lives e o caramba a quatro demandam umas horinhas. E isso eu quero mudar. Mas estou lendo… Por agora estou com o Fantasmas no Cérebro, do Ramachandran e í  noite temos assistido a séries e documentários. Estar ao lado Dele é uma coisa muito boa e sei que isso é enorme vantagem e privilégio. 🙂

E vamos indo. Ainda não consegui organizar meu dia a dia como desejava. Tá tudo confuso e estranho. Uns dias são bem legais, azuis.. outros desanimadores e sombrios. Faz parte.