“Notas do Subterrâneo” (BR) (também traduzido como “Memórias do Subsolo” ou “Notas do Subsolo”) ou Cadernos do Subterrâneo (PT) é um curto romance de Fiódor Dostoiévski, publicado em 1864.

Em o li em dois dias; ele só tem 147 páginas e é daqueles que vale a pena a imersão.

O texto é dividido em duas partes: na primeira é o protagonista se apresentando e ele é paradoxal (não sei se tecnicamente posso defini-lo assim, mas ok), sombrio e filosofa incessantemente.

Homem de 40 anos, sem emprego no momento, se diz doente e mau, desagradável e confessa ter sido um funcionário público maldoso, grosseiro e que encontrava prazer nisso.

É, de fato, agressivo e torturado pelo seu caminho/destino. Seu discurso é alucinado, desordenado. De acordo com as notas do tradutor, Boris Schaniderman, o fluxo de sua fala é contí­nua e ‘parece estar transbordando’.

Dostoiévski sendo quem ele é, um dos maiores escritores do século XIX.

Ainda sobre a primeira parte, não achei fácil, mas penso que se deve insistir e, de preferência, ler alguma coisa a mais a respeito ou assistir a algum ví­deo de especialista em literatura; hoje temos material bastante farto na internet, para todos os públicos.

Qual a necessidade disso?

A segunda parte é mais fluida: também é o personagem – em primeira pessoa – trazendo algumas memórias, alguns eventos que lhe marcaram a vida e lhe fizeram – talvez – ser como é.

O que mais me marcou, sem dúvidas, foi a relação travada com a prostituta. É inicialmente poética e tocante, depois desalentadora. Qual a necessidade disso? Você se questiona…

Sobre a obra, enfim, D.S Mirsky, crí­tico e historiador literário russo, um dos mais influentes estudiosos da literatura do seu paí­s natal, escreveu:

” Ela não pode ser recomendada í queles que não são bastante fortes para sobrepujá-la nem bastante inocentes para não se envenenarem. Ele é um veneno forte, sendo preferí­vel deixa-lo intocado.” (texto do prefácio)

Enfim, livro intenso e necessário.