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Mês: maio 2017

Meu frango preguento do Bento!

Outro dia fomos no restaurante Xapuri e pedimos dois pratos. Um foi o “Porco, Porco, Porco”: deliciosas carnes de porco preparadas de 3 jeitos diferentes, mais espigas de milho assadas. O outro foi 1/2 “Frango preguento do Bento”, também  maravilhoso.

Daí­ que eu resolvi repetir o frango preguento aqui em casa e ficou divino também.

Vou pedir desculpas porque não tirei foto do prato ao final. Já estava muito cansada da cozinha e simplesmente me esqueci. Mas pelas fotos que postei e pela receita detalhada você terá uma boa ideia de como ficou.

O frango preguento original leva no molho pés de frango assados (o colágeno dos pés faz o caldo ficar uma ‘coisa’ boa), mas eu não cheguei a procurar pé de galinha. então usei sobrecoxas e contra coxas mesmo (podia ter usado  partes menos nobres, já que não se aproveita a carne). Outro detalhe é que não anotei as quantidades dos ingredientes, fiz de cabeça mesmo, de acordo com minha preferência. Como foram mais de 3 quilos de frango abusei de tudo, do alho, da cebola, dos temperos.. Não tem erro. Confie no seu instinto.

Ah, a receita é feita em duas partes. Primeiramente você começa a fazer o molho e o deixa fervendo e apurando por bastante tempo. Enquanto isso você tempera bem o frango. Ele vai ser frito em imersão antes de receber o molho.

Vamos lá:

Para o molho você vai precisar de:

  • óleo
  • alho
  • cebola
  • bacon
  • alho poró
  • cenouras
  • tomates
  • bastante cheiro verde
  • 1 quilo de frango para o molho (pode ser qualquer parte; usei contra coxa)
  • 3 quilos de frango (use as partes que mais gostar, eu fiz com contra coxas e sobrecoxas)
  • temperos de sua preferência.

Como fazer o molho do frango preguento:

Aqueça uma panela, adicione óleo e doure bem o alho e a cebola. Adicione o bacon picadinho, frite e depois adicione a cenoura e o tomate picados. Deixe ferver até que se forme um molho pedaçudo. Adicione o frango do molho, junte o alho poró e o cheiro verde. Junte todos os temperos de sua preferência. Agora é deixar o caldo engrossar bastante. A carne se soltará dos ossos e os demais ingredientes vão praticamente derreter. Vá mexendo e adicionando água para não secar demais.

Como fazer a carne propriamente dita

Frite as partes já bem temperadas em imersão e reserve em um prato com papel toalha para escorrer o excesso. Se não quiser fritar, pode preparar o frango em panela de pressão, deixando-o bem douradinho depois.

Os finalmentes

Depois que o molho estiver bem grosso e encorpado você deve coá-lo. Passe o molho numa peneira grande ou em pano próprio. Coloque então o frango frito no molho pronto. Sirva com arroz branco e se delicie. 🙂

Não vou mentir: este frango deu um trabalho do cão. Mas é que fiz uma quantidade grande, para o almoço do aniversário de minha mãe. Penso que se for feito para menos gente é ok de se fazer.

E se não animar de ir pra cozinha, vai lá no Xapuri experimentar. O restaurante não é barato, mas a comida é boa. Pra quem não é de Minas Gerais e curte uma comidinha mineira de qualidade, lá é um restaurante bem tí­pico.

Segundona atípica

Normalmente as segundas-feiras são dias de arrumação doméstica. Faço comida, ponho roupa pra lavar, coloco os meninos para fazerem o para casa da sexta-feira.. não saí­mos muito de casa í s segundas-feiras pela manhã. Mas hoje resolvi mudar um pouco e fomos passear logo que as tarefas escolares ficaram prontas.

Eu tinha algumas comidinhas prontas na geladeira e então resolvi passar a manhã com os meninos no clube. Eles não quiseram nadar, então fizeram trabalhos manuais, correram no brinquedão… enquanto isso eu coloquei a leitura de “Os demônios” em dia.

A manhã foi super tranquila e agradável. Nada como dar espaço e atividade í s crianças. 🙂

Pequena biografia de Dostoiévski

Dostoiévski nasceu em 30 de outubro de 1821, num hospital para indigentes onde seu pai trabalhava como médico. Ele era o segundo dos sete filhos nascidos do casamento entre Mikhail Dostoievski e Maria Fiodorovna. A mãe do escritor morreu em 1837, de tuberculose e, no ano seguinte, Fiódor ingressa na Escola de Engenharia Militar de São Petersburgo, onde aprofunda conhecimentos das literaturas russa, francesa e outras. Em relação a seu pai, vários textos dizem que foi assassinado em 1838, pelos próprios servos de sua propriedade rural, que o consideravam autoritário. Alguns biógrafos afirmaram que foi quando Dostoievski teve sua primeira crise epilética. Joseph Frank, famoso biógrafo de Dostoiévski, diz haver provas de que o pai dele teria morrido, na verdade, de um AVC e que os boatos em contrário foram propagados para diminuir o preço da propriedade dos Dostoiévski, pela qual um vizinho mostrava interesse. Tal hipótese é pouco aceita pelo que percebi de minhas buscas e leituras.

Em 1844, com apenas 23 anos e pais já falecidos, abandona a carreira militar e escreve seu primeiro romance, Gente Pobre, publicado em 1846, com grande recepção da crí­tica.  Desde esta época começa a contrair algumas dí­vidas e a sofrer de uma enfermidade nervosa, frequentemente confundida com sua epilepsia, que começou a se manifestar muitos anos mais tarde.

É acusado de  frequentar cí­rculos revolucionários de Petersburgo e, em 1849  – com 28 anos -, é preso e condenado í  morte. No último minuto, entretanto, teve a pena comutada para 4 anos de trabalhos forçados, seguidos por prestação de serviços como soldado na Sibéria. Tal experiência foi retratada no livro Recordação da casa dos mortos (publicado em 1961), uma coleção de fatos e eventos ligados í  vida nestas prisões.

Façamos um adendo para explicar que Nicolau I, imperador Russo da época, era extremamente conservador e seu reinado foi marcado por uma grande expansão territorial, repressão de dissidentes, estagnação econômica, polí­ticas ruins de administração, burocracia e guerras frequentes. Enquanto isso,  a Europa ocidental estava em polvorosa. Era justamente o perí­odo das Revoluções de 1848 (Primavera dos povos), série de revoluções que eclodiram principalmente em razão de regimes governamentais autocráticos, de crises econômicas e da falta de representação polí­tica das classes médias, dentre outras.

Influenciados pelas Revoluções de 1848, um grupo de intelectuais progressistas (dentre eles Dostoiévski) começou a se reunir e, apesar de não terem um ponto de vista uniforme sobre questões polí­ticas (o organizador era Mikhail Petrashevski, um seguidor do socialista utópico francês Charles Fourier), a maior parte deles se opunha í  autocracia do Tsar e ao sistema de semi-servidão. Este grupo ficou conhecido como o Cí­rculo Petrashevski e foi oficialmente proibido pelo governo do czar Nicolau I, que o confundiu com uma organização subversiva revolucionária. O cí­rculo foi banido em 1849 a seu mando, seus membros foram detidos e alguns fuzilados.

O Cí­rculo Petrashevski era dedicado principalmente í  discussão das condições de vida na Rússia, centrada nas obras da imensa biblioteca de obras proibidas de Petrashevsky, obras que, segundo os registros da sociedade, Dostoiévski consultou em várias ocasiões. Na verdade, Dostoiévski não ia í s reuniões do Cí­rculo há mais de três meses quando foi preso, e participava realmente de uma organização radical liderada por Nikolai Spechniev, radical que se tornaria o protótipo para Nikolai Stavróguin, protagonista de Os Demônios. Essa organização, porém, não foi descoberta pelas autoridades e sua existência só veio a público em 1922.[17]

Em 23 de abril de 1849, ele e os outros membros do Cí­rculo Petrashevski foram presos. Dostoiévski passou oito meses na Fortaleza de Pedro e Paulo até que, em 22 de dezembro, a sentença de morte por fuzilamento foi anunciada. Em 23 de dezembro, os membros foram levados ao lugar da execução, e três membros do grupo, inclusive o próprio Petrashevski, foram amarrados aos postes em frente ao pelotão. Dostoiévski era um dos próximos, e se lembrou, posteriormente, de ter dividido seu tempo para se despedir dos amigos e refletir sobre sua vida. Quando disse a Nikolai Spechniev, que se encontrava atrás dele, “Nós estaremos com Cristo”, o revolucionário respondeu “Um pouco de poeira”. Antes da ordem para o fuzilamento, chegou uma ordem do Czar para que a pena fosse comutada para prisão com trabalhos forçados e exí­lio. Depois os membros souberam que a ordem havia sido assinada há dias, mas que o czar exigira a falsa execução como uma punição a mais. Dostoiévski recebeu os grilhões e partiu para o exí­lio na noite de Natal. Todos esses fatos foram contados pelo escritor em uma carta a seu irmão Mikhail Dostoiévski, na qual ele faz várias referências í  obra “Os íšltimos Dias de um Condenado í  Morte”, de Victor Hugo.”

A condenação, enfim, ocorreu por Dostoievski ter supostamente conspirado contra Nicolau I. A partir de então começou a escrever Memórias da Casa dos Mortos, baseado em suas experiências como prisioneiro; ele teve condições de descrever com grande autenticidade as condições da vida nas prisões e sobre o caráter dos condenados que nelas viviam. Interessante que os condenados eram proibidos de escrever memórias e relatos, então Dostoiévski disfarçou a obra como ficção, dizendo-a obra de um homem preso por assassinar a esposa em uma crise de ciúmes. Por anos muitos acreditaram que esse havia sido de fato o crime do escritor.

Em 1857, aos 36 anos,  Fiódor casa-se com Maria Dmitrievna e, três anos depois, de volta a Petersburgo, funda com o irmão a revista literária O Tempo, fechada pela censura em 1863. Lança posteriormente outra revista, A época, onde imprime trechos de Memórias do Subsolo. Aos 43 anos perde a mulher e o irmão e, em 1866, publica Crime e Castigo. No mesmo ano de Crime e Castigo conhece Anna Grigórievna, estenógrafa que o ajuda a terminar o livro O jogador e que será sua mulher até o fim da vida. Em 1867, cheios de dí­vidas, embarcam para a Europa, fugindo dos credores. Neste perí­odo escreve O idiota (1868) e O eterno marido (1870).

Retorna a Petersburgo e publica Os demônios (1871), O adolescente (1875) e começa a edição do Diário de um escritor (1873-1881). Em 1878, com 57 anos, perde o filho Aleksiêi, de apenas três anos e começa a escrever Os Irmãos Karamázov, que será publicado em fins de 1880. Dostoiévski falece em 28 de janeiro de 1881, com 58 anos, deixando várias obras inconclusas, dentre elas a continuação de Os irmãos Karamázov, considerada um dos principais monumentos da história da literatura universal.

OS FILHOS DE DOSTOIÉVSKI

Dostoievski teve quatro filhos, sendo que dois deles morreram ainda na infância. A filha Lyuba, não teve filhos; logo, seus herdeiros descendem de seu filho Fyodor, que teve dois filhos: um deles – também Fyodor, assim como o avô e o pai e que morreu ainda muito jovem. Do outro, Lopatin, descendem os herdeiros vivos do grande autor.

BIBLIOGRAFIA DE DOSTOIÉVSKI

1846 - Gente Pobre

1846 - O Duplo

1847 - A Senhoria

1848 - Noites Brancas

1849 - Nietotchka Niezvanova

1859 - O Sonho do Tio

1859 - A Aldeia de Stiepântchikov e Seus Habitantes

1861 - Humilhados e Ofendidos

1862 - Recordações da Casa dos Mortos

1862 - Uma História Lamentável

1863 - Notas de Inverno Sobre Impressões de Verão

1864 - Memórias do Subsolo

1865 - O Crocodilo

1866 - Crime e Castigo

1867 - O Jogador

1869 - O Idiota

1870 - O Eterno Marido

1872 - Os Demônios

1873 - Diário de Um Escritor

1873 - Bóbok

1875 - O Adolescente

1876 - O Mujique Marei

1876 - A Dócil

1877 - Sonho de um Homem Ridí­culo

1879 - Os Irmãos Karamasov

Gente pobre, de Dostoiévski

Gente pobre é o primeiro romance de Dostoiévski e foi imediatamente aclamado pelo público, fazendo do autor um escritor consagrado da noite para o dia.

O livro é uma troca de cartas entre Makar Diévuchkin e Varvara Alieksiêievna, moradores de um dos bairros miseráveis de Petersburgo. Ele um funcionário público ordinário, um senhor de meia idade, e ela uma jovem órfã injustiçada, ambos pobres e praticamente jogados í  própria sorte na Rússia de Nicolau I.  Há uma expressão dos afetos com grande sensibilidade e, ainda que apenas por cartas (de amor ou fraternais?) trocadas por ambos, traz ao leitor as condições de grave injustiça social em que viviam as populações da cidade e do campo daquela época. As vidas sofridas e os pequenos acontecimentos do dia-a-dia refletem as individualidades que se tornam insignificantes pela miséria.

Vale citar um trecho do posfácio do livro da Editora 34, da tradutora Fátima Bianchi. Nele a especialista diz que:

“No “homem sem importância”, na mais limitada natureza humana, ele procura mostrar um ser pleno, capaz de pensar e sentir, e mesmo de agir, da maneira mais profunda, apesar de sua pobreza e humildade social.

A intenção do escritor, na representação do cotidiano de seu personagem em sociedade, é demonstrar, através da imagem que ele tem de si mesmo, que sua miséria exterior não espelha o que lhe vai nas profundezas do coração.”

Os contos “O chefe da estação”, de Púchkin e “O capote”, de Gógol, são citados na obra, indicando as então principais influências de Dostoiévski.  Makar Diévuchkin, a propósito, lembra a todo instante o Akaki Akakievich de Gógol, ambos copistas, funcionários inexpressivos de repartição pública de Petersburgo, homens sem importância, pobres e desolados por serem privados do objeto de seu amor obsessivo.

É muito interessante a maturidade de Dostoiévski. Aos 25 anos – o livro foi escrito em  1845 e publicado em 1846 – conseguiu sair do completo anonimato para a glória, tendo sido imediatamente aclamado por poetas consagrados; Dmitri Grigoróvitch, por exemplo, logo após ler os  manuscritos de Gente pobre, anunciou o surgimento de um novo Gógol.

A predição de um grande futuro ao jovem escritor confirmou-se formidavelmente.

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