Terminei. Demorei, mas terminei ontem, no clube.
Ilha de Sacalina é um relato de Anton Tchékcov, escritor russo – considerado um dos maiores contistas de todos os tempos – que também era médico e teve o interesse (e grande disposição, pois não foi um trabalho simples) de ir até a ilha de Sacalina, para onde eram enviados os condenados a trabalhos forçados na Rússia czarista, e fazer um inquérito de saúde pública.
O condenado, em regra, cumpria sua pena de trabalhos forçados e, ao final de sua pena, recebia um pequeno pedaço de terra para trabalhar como colono. A ideia era a ressocialização. Decorridos dez anos de permanência na condição de colono, o deportado passava ao estatuto de camponês, sujeito a mais direitos. Mas a deportação era irrevogável.
Tudo ocorria em meio a muita degradação e sofrimento; as mulheres, por exemplo, sofriam horrores. Em número ínfimo em relação aos homens, viravam mero objeto de servidão na ilha:
“…uma dona de casa, mas uma criatura inferior até mesmo a um animal doméstico. Os colonos do povoado de Siska entregaram ao chefe do distrito o seguinte pedido: “Pedimos muito humildemente a Vossa Excelentíssima que mande gado para produção leiteira para a localidade mencionada abaixo e também o sexo feminino, para cuidar da vida doméstica 
Depois de sua viagem e relatos, Tchekhov chegou í conclusão de que o governo tinha a obrigação de assegurar um tratamento humanitário aos prisioneiros. Suas pesquisas foram publicadas exatamente sob o título A Ilha de Sacalina como uma obra sociológica — ou seja, não literária – e suscitaram a atenção do Czar. Ela só foi desativada como colônia penal em 1906, no entanto.
A propósito, ela é objeto de breve comentário e análise no romance 1Q84, do escritor japonês Haruki Murakami, texto que tenho baixado e preciso ler. Mais um pra lista. 🙂
obs: Sacalina: ilha do Pacífico ao norte do Japão, a mais de 9 mil quilômetros de Moscou.
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