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Mês: abril 2008 Page 2 of 4

Estado laico ou leigo e a liberdade religiosa

Ainda na esteira de “A cidade do sol”, até quando veremos povos inteiros se destruí­rem por causa da fé?

Aqui no Brasil a liberdade religiosa consagrou-se apenas em 1891. Até esta data, que é recente em termos históricos, a religião Católica Apostólica Romana era a religião do Império e todas as demais eram permitidas apenas se o culto fosse doméstico ou particular. Ou seja, nenhuma religião que não a Católica poderia ter forma exterior de templo.

Foi em 1891, portanto, que consagraram-se as liberdades de crença e de culto, dando iní­cio, com a quebra da unidade católica, í  expansão de várias minorias religiosas.

Fato é que a liberdade de religião é a verdadeira origem dos direitos fundamentais e, o mais importante: a liberdade de convicção religiosa abrange o direito de não acreditar ou professar nenhuma fé, devendo o ateí­smo ser respeitado.  

Bebês para queimar

Causa muito espanto o artigo escrito por Carlos Heitor Cony sobre o livro ‘Babies for burning”, de dois jornalistas ingleses que pesquisaram a indústria do aborto em Londres. Quando me falaram a respeito, confesso que achei fosse mais uma pulha virtual, mas, infelizmente, a coisa procede. Muito triste.

Leia o artigo na í­ntegra.

Lua cheia na Serra do Curral

Belo Horizonte

E eis que a lua, renovada, reaparece por detrás da Serra do Curral.

A cidade do sol – nota máxima

Não gosto de filmes violentos, não gosto de literatura violenta. Não acho que devemos procurar com as próprias mãos impregnar a mente com a demência alheia.

O livro de Khaled Hosseini, todavia, apesar de mostrar a realidade violenta do Afeganistão durante três décadas aproximadamente, apenas serve-se da violência para descrever, com muito talento, o dia-a-dia, a cultura daquele povo. A leitura é fácil, gostosa e você fica morrendo de vontade de ler mais um pouquinho e saber, afinal, o que acontecerá í quelas personagens tão sofridas.

O autor diz algo que toda mulher deve saber. Saber para combater, pois não é privilégio de nenhuma cultura oriental. Ele diz: como uma bússula aponta para o norte, sempre terá o dedo de um homem acusando uma mulher.

E disto bem trata o livro, deixando o leitor pasmo ao conhecer mais intimamente a cultura afegã. O mais bacana da obra, na minha opinião, é sua estrutura diversificada: há romance, história, polí­tica, tudo bem encaixado. Nada falta, nada extrapola.

Detalhe histórico que me deixou surpresa é que, em todas as épocas, houve gente no Afeganistão que contestou a ligação polí­tica/religião e o desvirtuamento das palavras do Corão. Quer dizer, em todas as ocasiões, nestes 30 anos passados na obra, houve intelectuais que combateram a ignorância, ainda que enfraquecidos, derrotados, massacrados, pois não lhes faltou sonhar com a liberdade.

Não deixei de me abater um pouco por conhecer mais do que a ignorância pode fazer com o homem; é terrí­vel. E tudo em nome da fé, de um deus e da salvação.

Recomendo a leitura. Muito boa.

A fonte e a flor

Como falei no post anterior, sempre nos contaram muitas histórias. Há um poeminha de Vicente de Carvalho contado desde que minhas irmãs, que já passaram dos 40, eram bem pequenas. Uma delas chorava tristinha ao ouvi-lo, só pensando na aflição da flor sendo levada pelas águas da fonte.

A fonte e a flor

Deixa-me, fonte, dizia,
A flor, tonta de terror,
E a fonte, rápida e fria,
Cantava, levando a flor.

Deixa-me, deixa-me, fonte,
Dizia a flor, a chorar.
Eu fui nascida no monte,
Não me leves para o mar!

E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
por sobre a areia corria,
Corria, levando a flor.

“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu,
Ai, claras gotas de orvalho,
Caí­das do azul do céu!”

“Carí­cias das brisas leves
Que abrem rasgões de luar,
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!”

As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor…

Histórias e romances e lembranças

Além de ler os meus, acompanho todos os livros que minha mãe lê. Quando a encontro, normalmente às 18, 19 hs, ela está lendo alguma coisa e, posto de lado o romance, ela me conta tudo, quem são os personagens, seus rumos e aflições. Já me peguei fazendo o mesmo, mas é bom segurar a onda, pois nem todo mundo tem paciência; nem todo mundo gosta disso.

Conheço, mesmo sem ter lido (ainda), grande parte dos livros de  Pearl Buck, escritora norte americana que trouxe ao ocidente os encantos e tragédias do oriente. Dela só li até agora o Mandala, um romance passado naÍndia e cuja história aproxima ocidente e oriente pela paixão de um Maharana (Prince Jagat) por uma mulher americana.

Não só minha mãe me contava histórias. Meu pai também. Eu não me esqueço daquela que se resumia em uma garotinha perdida na floresta que, após andar por várias horas, encontrava umas frutinhas que a faziam dormir. Quando a menininha acordava, depois de também muitas horas, a saga continuava: caminhava, comia, dormia.. caminhava, comia, dormia..  E eu, lógico, também dormia, deixando-o feliz da vida.

🙂

Sobre o Mote con Huesillos

Promessa é dí­vida. E estou aqui para quitar meus débitos acerca do tão falado Mote con Huesillos. O nome, como você já deve ter lido, deve-se ao fato de seus principais ingredientes serem o grão do trigo (mote) e o pêssego cozido (huesillo).

Eu preferiria dizer que são famigerados além de tão falados. Mas deixarei isso para você depois que experimentar um nas inúmeras carrocinhas que vendem a iguaria pelas ruas de Santiago.

Como dito, é uma bebida bem tí­pica e caracterí­stica do Chile (especialmente da região de Santiago – mas encontrada em todo o paí­s). Trata-se de um caldo onde foram cozidos pêssegos e grãos de trigo descascados que se bebe / come bem gelado, com o auxí­lio de uma colher, bem ao estilo sucrilhos.

Mas não se deixe enganar pelo estilo de se comer a coisa. O gosto nada tem a ver com qualquer comida ou bebida que você por ventura tenha experimentado em sua vida e que lembre sucrilhos. A coisa que mais se assemelha í  experiência de um mote con huesillos é – imagino – dar uma bela lambida nas costas de uma lhama daquelas bem sujas.

Mote

É isso mesmo. A cada colherada/gole, eu me sentia mais e mais inserido em algum tipo de curral imaginário onde lhamas, vicuí±as e alpacas estariam confinadas por alguns anos sem qualquer tipo de cuidado em termos de higiene. Ou seja: é ruim demais. Se você espera algo doce por causa do pêssego, esqueça. O mote é bem… digamos… peculiar.

Não desrecomendo a experiência de deliciar-se com um, entretanto. É bem barato e, qualquer impressão mais forte, basta jogar fora (o que eu não fiz). Por pior que tenha sido, posso dizer que já provei…

Procurando pela internet, achei mais uma pessoa que experimentou o tal mote con huesillos, além de também ter bebido o Bilz e o Pap – coisa que eu também fiz. Só que tenho opinião diferente com relação ao Pap. O Bilz é, realmente muito ruim. Já o Pap, é uma delí­cia… Lembra o gostoso Guarapan.

Obs: Quase todos que comentaram sobre o mote com huesillos disseram que gostaram da bebida. Realmente, acho que demos muito azar, pois adoramos sabores novos. Precisamos voltar ao Chile. E você, o que acha? Já experimentou?

Comida chilena

Fritas, ovo frito, filé acebolado e pão com alho. Para beber, água e pisco sour, que é uma bebida estilo caipirinha, ou seja, aguardente de uva (pisco), mais limão e açúcar. Não tenho dúvidas ser este o menu mais comum na mesa do chileno.

Obviamente, a comida chilena não se resume a isto. Em cada região do paí­s encontra-se uma variedade imensa de pratos, sabores e combinações. No Atacama, região de fortí­ssima herança indí­gena, comemos muita coisa gostosa e diferente: empanadas, cazuela de ave e de vaca, além dos deliciosos alfajores de algarrobo e pan de pascua. Houve outros pratos também (como uma espécie de sopa de canjica com legumes e coentro) mas infelizmente me falha a memória o nome. Em Santiago, além das tí­picas empanadas, comemos pastel de choclo, cogumelos e filés deliciosos.

Mas, enfim, o que eu queria com este post é dizer que em qualquer lugar que se vá no Chile (pelo menos do centro ao norte), você encontra um bom prato de carne (boi ou frango) com fritas e ovo, o chamado “a lo pobre”. Mas o forte dos pratos é o frango, encontrado em todas as esquinas, normalmente frito.

Procurando por receitas de pisco sour, acabei de ler que a groselha também é utilizada, o que eu não sabia. Nos falaram no Chile que você nunca deve comprar uma garrafa da bebida pronta, pois vem com muito conservante e não é muito gostoso. Você deve comprar o pisco e preparar a bebida, de forma caseira. É o mesmo que ocorre com a caipirinha.

Tsunamis e terremotos – Chile

Um dos guias que tivemos no Atacama foi o Patrí­cio, que aparece neste ví­deo de 2007 durante o terremoto que atingiu o norte do Chile. Ele nos deu algumas informações sobre os tremores de terra que assolam diariamente o paí­s. De acordo com ele, o chileno está acostumado a este tipo de evento e nos falou a respeito de um ditado popular do paí­s segundo o qual o chileno só morre de doença de chagas, tiro e mulher.

Ou seja, os tremores de terra e terremotos podem até assustar, mas não tiram o sono de nenhum chileno, o que é normal quando se é obrigado a conviver com este tipo de coisa, vide o cotidiano de milhares de pessoas no mundo inteiro que se vêem obrigadas a continuar na luta mesmo em época de guerras ou calamidades naturais de toda espécie, o que pode ser bem pior que um tremorzinho de terra.

Pra quem é turista, porém, o buraco é mais embaixo e não dá pra não ficar assustado quando, a todo tempo, se é lembrado de que a terra pode dar uma sacolejadinha. Em Vinã del Mar, em cada esquina, nos deparamos com placas alertando para rotas de fuga em caso de tsunamis. Já em Valparaí­so, ao entrarmos no ascensor, tivemos a grata surpresa de ler o aviso abaixo.

De toda forma, mais importante é ter informação. Tremores de terra ocorrem sempre, quase que diariamente, segundo o Patrí­cio. Eles são suaves e quase imperceptí­veis. Já os terremotos ou sismos são mais fortes e ‘sabe-se deus’ quando e com qual intensidade podem ocorrer. Se você estiver em área descampada, como no Atacama, o risco de ser soterrado é pequeno. Mas, em Santiago, com tantos prédios í  volta, não sei não.

O lance é torcer pra não ser na sua vez.

Literatura nota zero

E por falar em coisa ruim, nota zero para o “A casa dos budas ditosos”. E olhe que dizem por aí­ ser a obra mais primorosa do João Ubaldo Ribeiro. Sei lá, realmente é ridí­culo o falso moralismo, o preconceito contra preferências sexuais e o escambau. Realmente, é um absurdo que a mulher tenha sempre sido tão subjugada e outros bichos.

Mas não vejo como libertador que a personagem principal use bastante drogas,  faça sexo com o irmão, deseje o próprio pai e que tudo isto seja muito normal. Posso ser conservadora, mas o livro não leva ninguém a lugar nenhum.

Obviamente, como o sexo continua sendo fonte de curiosidade e como o incesto é polêmico (e como), uma peça teatral baseada na obra, tendo como atriz a Fernanda Torres como a personagem central, faz muito sucesso. Mas eu dispenso, obrigada.

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