O livro O Idiota, de Dostoiévski, começa com o retorno do prí­ncipe Mí­chkin (que dizem ter vários traços do autor) da Suí­ça, onde fazia tratamento de saúde. A personalidade do prí­ncipe Mí­chkin é o grande ponto deste livro. Ele era visto como uma pessoa diferente, exótica. Não possuí­a nenhuma idiotia, mas era tão diferente das demais pessoas, era um indiví­duo tão puro, superior, que acabava sendo para os demais, numa sociedade corrompida, um idiota, um inadaptado.

Mí­chkin era um humanista; a crí­tica diz que Dostoiévski o criou uma mescla de Cristo e Dom Quixote (não aceito por todos, pois Dom Quixote era desconectado da realidade e Mí­chkin não era). Sua compaixão sem limites vai de encontro ao desregramento de Rogójin e a beleza de Nastácia Filí­ppovna. Sua bondade e o impacto da sua sinceridade briga com um mundo obcecado por dinheiro, poder e conquistas. E o sanatório acaba sendo o único lugar para um santo.

O Idiota é bem diferente de Gente Pobre. Não é um livro fácil. A narrativa é um pouco cansativa. Há muitos personagens (í s vezes chamado pelo nome, í s vezes pelo diminutivo, í s vezes pelo apelido) e a trama é, sim, um pouco rocambolesca. De fato, neste livro, as discussões morais sobre as questões do romance acabam sendo bem mais interessantes que o próprio.

Mas vale a leitura. Sempre vale. 🙂