A morte de Ivan Ilitch, pra mim, é um livro essencial. Eu fico impressionada com a sensibilidade de Tolstói pra perceber as nuances da vida, das nuances dos relacionamentos e da psiquê humana.
No caso desse livro específico eu acho incrível como ele consegue desnudar o desejo do doente (no caso, do doente terminal) de ser tratado com mais piedade, com mais compaixão e verdade.
Fiquei tentando me colocar em uma situação parecida da do protagonista (é difícil) e realmente me parece que em um momento como aquele o que mais desejamos é que alguém esteja por perto para nos ajudar a analisar a morte e enfrentá-la sem rodeios ou trapaças.
Ivan Ilitch quer ser tratado como uma criança que merece dó, quer que entendam a miserabilidade de suas dores, mas, ao contrário, tanto a família quanto os médicos parecem tentar confortá-lo com mentiras. Tudo o que ele não precisa.
Em certo momento ele começa a recordar da infância, momento de sua vida que lhe traz um pouco de felicidade real; também interessante a lembrança em relação í utopia juvenil sobre fazer deste um mundo melhor. Ele não entende como saiu dali e virou-se para uma vida completamente burocrata e sem amor.
Muito do texto é sobre as escolhas de Ivan, mas muito também é sobre como o mundo nos força a seguir um caminho e certas regras sem sentido. Talvez, se Ivan não tivesse amarras invisíveis, teria tido um fim muito mais digno. Se é que dá pra falar em dignidade na dor e no sofrimento constantes.
Livro maravilhoso: pra ler, pra pensar, pra reler, pra ler na juventude e na velhice. Pra presentear e indicar.