Não gosto de filmes violentos, não gosto de literatura violenta. Não acho que devemos procurar com as próprias mãos impregnar a mente com a demência alheia.

O livro de Khaled Hosseini, todavia, apesar de mostrar a realidade violenta do Afeganistão durante três décadas aproximadamente, apenas serve-se da violência para descrever, com muito talento, o dia-a-dia, a cultura daquele povo. A leitura é fácil, gostosa e você fica morrendo de vontade de ler mais um pouquinho e saber, afinal, o que acontecerá í quelas personagens tão sofridas.

O autor diz algo que toda mulher deve saber. Saber para combater, pois não é privilégio de nenhuma cultura oriental. Ele diz: como uma bússula aponta para o norte, sempre terá o dedo de um homem acusando uma mulher.

E disto bem trata o livro, deixando o leitor pasmo ao conhecer mais intimamente a cultura afegã. O mais bacana da obra, na minha opinião, é sua estrutura diversificada: há romance, história, polí­tica, tudo bem encaixado. Nada falta, nada extrapola.

Detalhe histórico que me deixou surpresa é que, em todas as épocas, houve gente no Afeganistão que contestou a ligação polí­tica/religião e o desvirtuamento das palavras do Corão. Quer dizer, em todas as ocasiões, nestes 30 anos passados na obra, houve intelectuais que combateram a ignorância, ainda que enfraquecidos, derrotados, massacrados, pois não lhes faltou sonhar com a liberdade.

Não deixei de me abater um pouco por conhecer mais do que a ignorância pode fazer com o homem; é terrí­vel. E tudo em nome da fé, de um deus e da salvação.

Recomendo a leitura. Muito boa.