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Autor: Ela Page 36 of 117

Istambul, Memória e Cidade, por Orhan Pamuk

Fiquei bastante impressionada com este livro de Orhan Pamuk. Não conhecia o autor, nunca tinha ouvido falar nesta obra especí­fica. A bem da verdade me interessei por ele bem por acaso, numa ida sem pretensão í  livraria Ouvidor com a famí­lia, num sábado ensolarado..

Havia assistido í  série Seyit e Sura. Série turca, de época, que se inicia na Rússia do último czar, Nicolau II, e se desenvolve na Turquia após a revolução bolchevique. Neste passo, de maneira discreta – pois o foco é o romance entre os personagens principais – vamos acompanhando alguns acontecimentos históricos. E aí­, se você gosta de história, o novelo se vai…  Procurei vários textos na internet sobre a Turquia, ouvi novamente os podcasts do Xadrez Verbal... fui me encantando mais e mais com a história, os costumes do povo etc etc etc

E justo neste momento de interesse vejo o livro na prateleira da livraria.

Então.

O livro não é um romance ficcional. É uma autobiografia do autor e um retrato de sua cidade natal – Istambul -  relatada tanto em seu aspecto fí­sico quanto emocional.  E enquanto se descreve fatos de infância (Orhan tem 66 anos hoje), há um passeio por histórias ainda mais antigas, da época, por exemplo, em que houve a ocidentalização da Turquia por Atatí¼rk  na década de 20 e também de quando o império Otomano reinava absoluto. E parece que há, sim, ainda hoje, uma luta na cidade entre o antigo e o novo, o estilo de vida ocidental secular, europeu, e o turco. São as elites seculares contra os camponeses, com baixa instrução e mais religiosos. Esta questão havia aparecido em Seyit e Sura e eu estava bem curiosa pra entender melhor  o contexto.

Istambul, Memória e Cidade foi escrito em momento de depressão de Orhan Pamuk; penso que há catarse na escrita. O autor expõe particularidades do casamento de seus pais e o relacionamento confuso com o irmão. Longe de ser lavação de roupa suja; pelo contrário. É uma escrita terapêutica. Há delicadeza, mas uma delicadeza libertadora em relação í s suas relações familiares. O livro é intimista, nostálgico, suave e muito transformador. Para o autor (penso eu) e, com certeza, para seus leitores.

Orhan Pamuk foi o primeiro turco a receber um prêmio Nobel de Literatura (em 2006) e também a primeira figura pública a falar abertamente sobre o genocí­dio armênio, tema tabu na Turquia, fato que lhe rendeu perseguição, processo e condenação pelo seu estado natal.

Fiquei fã e não demorarei a ler outros livros de Orhan Pamuk. Excelente descoberta.

Tempo frio e seco…

Hoje é segunda-feira. Desde quarta í  noite precisamos  medicar nossa filha, logo depois que o pai a levou no atendimento de urgência, já que reclamava de dores de ouvido. Na mesma madrugada foi a vez do filho, que chorou também pela mesma dor. Resultado: ambos tomando Amoxicilina, usando corticoide no nariz e soro. Eu não fico atrás com a tal da sinusite. Dores, incômodos.. aff! Mas desta vez estou tentando me resolver apenas com o soro. Vamos lá, né? Aguentar este tempo frio, seco e poeirento.

“Quindim de coco”

A sogra fez esta receita para os netos e eu adorei. Teste fiz pra levar em um aniversário da famí­lia e todos adoraram também.

Você vai precisar de:

  • 6 ovos (é bom retirar a pelí­cula da gema);
  • 1 + 1/2 de lata de leite condensado;
  • 2 latas de leite (use a lata do leite condensado);
  • 300 gramas de coco ralado e hidratado;
  • 1/2 xí­cara de queijo ralado (usei parmesão).

Faça assim, não tem erro: 

Bata tudo no liquidificador e asse em forma untada e esfarinhada com farinha de rosca.  Faça o teste do palito antes de tirar do forno. Duvido você não gostar.

obs: a receita já está acertada para esta forma maior (a da foto). 

Lanches da semana – 12

Desde a mudança de escola não postei nenhuma semana de lanches dos meninos. Mas o hábito tem sido o mesmo: enviar o menor número de industrializados possí­vel e combinar de um jeito interessante suco/leite/iogurte com frutas, carboidrato e proteí­na (nem sempre vão todos os itens). Tem sido mais difí­cil um pouco acertar nos lanches porque agora os dois enjoam fácil das coisas que mando, reclamam í s vezes de alguma fruta… mas há lanches que dificilmente desagradam. Eles continuam adorando os biscoitos ou bolo de banana (tenho evitado fazer direto justamente para não enjoarem) e os queijinhos e tomatinhos também sempre são bem vindos.

Ele continua sem gostar de iogurte pronto, mas ama kefir e o leite fermentado. Ela não gosta de kefir, mas gosta dos iogurtes industrializados, em todas suas versões. Nesta semana pediram bastante estas bebidas; vou atendendo quando dá.

Vamos aos 5 lanches desta semana última:

Segunda-feira: biscoitinhos de arroz com chia, morangos e cramberries  secos e meia goiaba no alumí­nio. Para beber iogurte/leite fermentado.

Terça-feira: suco integral industrializado (sem açúcar adicional), milho na manteiga e banana caturra.

Quarta-feira: queijo quente, tomatinhos com queijo e manjerição e banana. Para beber iogurte/leite fermentado.

Quinta-feira: biscoitos caseiros de banana, aveia e castanhas com leite puro integral.

Sexta-feira: pãozinho de leite com manteiga, queijo e tomatinhos. Para beber iogurte/leite fermentado.

Copa do Mundo de 2018

É bem verdade que esta Copa do Mundo está sendo um fracasso em animação.

A CBF por si só já é motivo de vergonha pelos escândalos de corrupção etc .. aliado a isso a camisa da seleção tem sido utilizada pelos patos amarelos desde os suspeitos movimentos de 2013. Mesmo a bandeira do paí­s pode ser confundida. Quem a balança torce pelo futebol ou por intervenção militar? Enfim.. as pessoas já não sentem a mesma satisfação e sossego anteriores para usar ou empunhar sí­mbolos nacionais.

De qualquer forma…… temos dois torcedores mirins aqui e eles estão no clima. Então fizemos um almocinho simples com os familiares para torcer pelo Brasil. Foi uma pena que não vimos uma vitória (1 a 1, Brasil x Suí­ça). Não ouvimos um foguete ou rojão sequer..

Mas valeu o encontro. Meus irmãos vieram e os meninos ficaram felizes.

A propósito, fiz arroz, espetinhos, molho de tomates/pimentões e a torta de abobrinha que os meninos amam. E já prometi que ontem foi o último dia de canjica deste ano! 😉

Cenas da casa: esperando a turma – 6

Sexta-feira é um dia que papai pode buscar as crianças. Também um dia em que acho gostoso preparar algo diferente para o lanche. Hoje quis relembrar o sanduí­che assado de pão de forma que minha mãe fazia e que eu adorava encontrar í  tarde. Tão simples e gostosinho: basta fazer um creme de leite, ovos e queijo e jogar nas fatias de pão de forma branco, intercaladas com queijo e presunto. Dá pra variar os sabores, incluir legumes, bem gostoso!

Os três chegaram e comeram bastante. As crianças foram pro banho, pra leitura e… cama!  Nós ainda fomos ver a série Atlanta e, claro, eu dormi no sofá. Bom fim de semana! Domingo tem o primeiro jogo da Copa do Mundo.

 

Leituras com as crianças

Até o fim de maio deste ano de 2018 já lemos juntos, além de vários outros livros infantis mais curtos, tanto nossos quanto os enviados pela escola, 5 livros de Monteiro Lobato. O primeiro foi o Reinações de Narizinho e marcou o fato de que, ao seu final, nossa menina ficou realmente chateada. Ela não queria que a leitura terminasse e este é o maior indí­cio de que foi muito prazeirosa. A convenci de que continuarí­amos as aventuras partindo para A Reforma da Natureza, o que, de fato, aconteceu.

Nosso menino, por sua vez,  estava louco pra ler O Saci e ficou bastante animado com as aventuras de Pedrinho, com quem  – claro – se identifica. O Saci é de 1921; é o primeiro livro de Monteiro Lobato, que, nesta época, trouxe í  tona um desmemoriado folclore brasileiro nas figuras do Boitatá, do Negrinho do Pastoreio, do Lobisomem, da Mula-sem-cabeça, da Cuca, da Iara e, obviamente, do Saci, a grande figura mitológica desta obra.

Depois partimos para Memórias de Emí­lia e confesso que nenhum de nós três ficou tão empolgado. Não sei se porquê este livro faz referências a acontecimentos de outras histórias de Monteiro Lobato, não sei… Mas até mesmo eu achei a leitura um tico enfadonha. O último capí­tulo salva um pouco a leitura, de toda forma.

O quinto livro de Monteiro Lobato, emprestado pela vovó materna, foi  O Garimpeiro do Rio das Garças. Leitura mais simples, mas bem divertida; nós terminamos em uma noite.

Agora estamos em um impasse: ela quer se dedicar a livros menores; deseja ler histórias diversas durante a semana. Ele quer começar Caçadas de Pedrinho.

Vamos ver como faremos este acordo. 🙂

 

Aniversário de 07 anos

Mais um ano e mais uma festinha em famí­lia. Chamamos os “de casa”. “De fora” apenas duas amiguinhas das crianças, vizinhas queridas.

Encomendei um bolo delicioso de nozes, brigadeiros e docinhos de leite ninho. Para comer, preparamos espetinhos de carne, batatas  fritas na hora (no fogão a lenha) e biscoitos de queijo assados. Além de petiscos como amendoim, pipoca…

Fiz uma mesa de bolo com os doces e esta acima, de café. Café preto com pamonha de forno e paçoquinhas. A comilança ficou na parte de fora do apê, que enfeitamos (com  a ajuda da minha sobrinha) com bandeirinhas, fogueira de papel e os indispensáveis balões.

Os meninos adoraram! Se acabaram na dança quando os convidados se foram e eu e Ele ficamos arrumando a casa!! Ano que vem tem mais.

Luiz Inácio Lula da Silva, A Verdade Vencerá

Te contar que estou cansada dos acontecimentos recentes brasileiros. Golpe na democracia, justiça nitidamente parcial, fascista e perseguidora. Quando chegou este livro aqui em casa fiquei até em dúvida se leria mais alguma coisa sobre o assunto “Lula”. Mas daí­ as primeiras páginas me animaram e terminei rapidinho.

Gostei.

O livro é, em verdade, uma entrevista com o ex-presidente. Ele fala um pouco sobre toda sua trajetória: sobre a vida pobre no nordeste, a ida para os sindicatos – levado pelo irmão -, sobre quando era oposição, sua época como deputado federal… Depois fala bastante sobre sua atuação como presidente da república, as negociatas polí­ticas, os encontros com vários lí­deres mundiais.  São bem interessantes as respostas sobre a relação com Dilma, sobre os erros cometidos pela então presidenta e sua falta de habilidade em dialogar com os que foram depois seus maiores algozes.

Lula também responde sobre o que faria se pudesse retornar í  presidência e também da coragem com que enfrentaria a possí­vel prisão (quando da edição do livro ele ainda não estava preso, mas sabia que iria ser).Â É um livro interessante, vale a leitura.

E não deixa de ser bastante incomodativo: porque o sujeito está preso, mas paira realmente uma grande dúvida se houve lisura no processo que o levou í  prisão. Se ele cometeu – e pode ter cometido – crimes outros, é outro caso. O que pega é que o processo que o mantém em cárcere apresenta muitas falhas e ví­cios processuais, dentre eles um dos mais grave que é a ausência do juiz natural.

Sigamos, enfim. Vamos ver quais são as cenas dos próximos capí­tulos.

Vagina, de Naomi Wolf

Da mesma autora já haviam me indicado  O mito da beleza, publicado em 91 e que se tornou referência do feminismo ao analisar a exigência de as mulheres se adequarem a um ideal de beleza e a relação desta exigência com a dificuldade da ascensão ao poder polí­tico e social. Não li ainda, mas pretendo.

Sobre Vagina eu sequer havia ouvido falar e quando mencionei em um grupo de amigas, me avisaram que a obra fora bastante criticada nos meios feministas.

Bem, achei a leitura  interessante, com pequenas ressalvas.

De iní­cio Naomi apresenta as conexões cérebro/vagina e como estas conexões são a chave para o entendimento do que acontece í s mulheres no dia-a-dia. Fora um problema de saúde da própria autora que a instigou para o fato de que vagina e cérebro formam uma rede ou um “único sistema” e que a vagina media a confiança, a criatividade e o sentido de transcendência feminina. O transcendente aqui, na minha opinião, refere-se ao que excede o limite do medí­ocre, mas em vários outros trechos do livro a autora  faz menção a experiências sexuais que contribuem para um sentido de alegria e interconexão da mulher com o mundo material e espiritual e é justamente esta parte mí­stica que me incomodou na leitura.

Ainda na esteira mí­stica, a  mim me parece pueril o “invocar a deusa” ou trazer í  tona o Tantra como solução para os problemas sexuais. Ela mesma diz que não gostaria de trazer í  mente imagens piegas dos anos 70 de adoração da deusa pagã em retiros femininos nos parques estaduais americanos, mas é exatamente isto que é feito na parte final do livro. A parte quatro do livro, enfim, parece um manual de auto ajuda, com gurus salvadores de mulheres perturbadas. Não que eu ache que práticas sexuais antigas relatadas pela tradição taoí­sta, por exemplo, sejam besteira. O que incomoda é o tom utilizado por Naomi. Soa infantil, soa revista feminina dos anos 80.

Quando fiz yôga, por exemplo (Swasthya Yôga), nos ensinavam que o tantrismo é uma filosofia de caracterí­sticas matriarcais, sensoriais e desrepressoras. Só por estas caracterí­sticas já podemos pressupor um benefí­cio í s mulheres. Então penso que o assunto pode e deve ser tratado, mas sem a parte das energias sobrenaturais. Este papo de sexualidade como caminho para o divino não me cai muito bem.

Gostei bastante das explicações de como funciona a inervação da pelve feminina, de como os nervos pélvicos se ramificam a partir da medula espinhal. A rede neural feminina é bastante complexa e  muito mais sujeita aos efeitos de hormônios do que nos lembramos no cotidiano (trechos de “dopamina, opiáceos e oxitocina).

Há muita coisa boa no livro: Naomi investiga o que sustenta a prática do estupro, passeia pelas vaginas sagradas dos tempos pré-históricos da humanidade, fala sobre as narrativas gregas do Eros e do desejo feminino, discorre sobre a evolução da vergonha da vagina judaico-cristã..  Chama a atenção o capí­tulo “A vagina vitoriana: medicalização e subjugação”; este perí­odo da história transferiu a saúde sexual e reprodutiva das mulheres de classe média das mãos de parteiras para as de médicos homens e, claro, estes arrasaram com suas pacientes, fazendo intervenções precipitadas e í s vezes violentas. Não í  toa a masturbação feminina era descrita em importantes tratados médicos como incontinência habitual produtora de doenças e muitas mulheres que insistiam na prática sofreram como punição a clitorectomia forçada, voltando dóceis e mansas í s suas famí­lias.

Já no fim do século XIX e iní­cio do século XX a contracultura liberacionista começa a defender a sexualidade feminina. O livro faz referência a várias obras a partir de tal época, passando por todas as décadas até a atualidade. Curiosamente, segundo a autora, embora estejamos na era da liberação, pós-revolução sexual, pós feminismo, vivemos uma epidemia de infelicidade sexual feminina. Nossa cultura sente-se muito confortável com isso, inclusive, o que demonstra que a estrada feminina (e feminista) é ainda muito longa.

Enfim, indico a leitura. Apesar dos contrapontos que fiz em relação í  sacralidade da sexualidade exposta em alguns trechos do livro, a obra tem muita pesquisa e informação interessante. Me instigou a ler mais a respeito e a ler também os demais livros de Naomi, amada e criticada entre as feministas. Como bem disse Márcia Tiburi no Voz Ativa de março de 2018 , o feminismo não é um só. Ele não é universal, é plural, é um jogo de linguagem em busca da desconstrução do machismo. Então.. leiamos todas e tomemos nossas próprias conclusões.

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