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A morte de Ivan Ilitch, de Tolstoi

A morte de Ivan Ilitch, pra mim, é um livro essencial. Eu fico impressionada com a sensibilidade de Tolstói pra perceber as nuances da vida, das nuances dos relacionamentos e da psiquê humana.

No caso desse livro especí­fico eu acho incrí­vel como ele consegue desnudar o desejo do doente (no caso, do doente terminal) de ser tratado com mais piedade, com mais compaixão e verdade.

Fiquei tentando me colocar em uma situação parecida da do protagonista (é difí­cil) e realmente me parece que em um momento como aquele o que mais desejamos é que alguém esteja por perto para nos ajudar a analisar a morte e enfrentá-la sem rodeios ou trapaças.

Ivan Ilitch quer ser tratado como uma criança que merece dó, quer que entendam a miserabilidade de suas dores, mas, ao contrário, tanto a famí­lia quanto os médicos parecem tentar confortá-lo com mentiras. Tudo o que ele não precisa.

Em certo momento ele começa a recordar da infância, momento de sua vida que lhe traz um pouco de felicidade real; também interessante a lembrança em relação í  utopia juvenil sobre fazer deste um mundo melhor. Ele não entende como saiu dali e virou-se para uma vida completamente burocrata e sem amor.

Muito do texto é sobre as escolhas de Ivan, mas muito também é sobre como o mundo nos força a seguir um caminho e certas regras sem sentido. Talvez, se Ivan não tivesse amarras invisí­veis, teria tido um fim muito mais digno. Se é que dá pra falar em dignidade na dor e no sofrimento constantes.

Livro maravilhoso: pra ler, pra pensar, pra reler, pra ler na juventude e na velhice. Pra presentear e indicar.

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Cenas de setembro de 2020

  1. Maria de Lourdes

    Oi ! Tudo joia? Gostei muito dos seus comentários. Eu amo ler. Esse livro eu tenho em casa e já li e reli. É impressionante a beleza desse livro. Eu gostaria de ser médica para ter uma ideia de qual teria sido o órgão atingido que levou o Sr Ivan à morte. Me marcou também a passagem do livro qdo a filha dele se atavia toda para ir ao teatro. A reação e os sentimentos do Ivan. Esse livro me ensinou que devemos sempre respeitar a dor alheia. Levar a sério a dor física e psicológica das pessoas.

    • Ela

      Nossa, esse livro é muito profundo e eu acho difícil lermos sem nos questionarmos a respeito de nossas próprias vida e existência. Será que estamos fazendo tudo o que podemos? Será que nos arrependeremos de alguma coisa na velhice? É um clássico que deve ser lido e relido mesmo! Obrigada pelo seu comentário e volte sempre pra ver receitinhas e para conversarmos sobre novas obras! Um grande abraço!

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