í€s vezes aproveito pra adiantar o almoço ainda cedo pela manhã. Cozinho um legume, corto uma couve, ou seja, deixo alguma coisa no jeito pra facilitar a vida. Hoje foi assim. Eu só não imaginava que enquanto eu cumpria minha tarefa, o jornal da Rede Record, o nacional que começa í s 8 horas, teria o atrevimento de passar um vídeo de um sujeito sendo torturado pelos mesmos traficantes que, nesta semana, mataram os jovens que lhes foram entregues por um tenente do Exército no Rio.
í“bvio que os jornalistas, se inquiridos, se defenderão apontando o direito do cidadão em obter informação e blá blá blá.. a gente já sabe de tudo. Mas, alto lá, foi de um mal gosto tão grande que me fogem as palavras. Passei o dia todo relembrando aquele áudio (porque não olhei a tv) e, claro, me questionando sobre as razões de tamanha barbaridade.
Eu imagino que, nestes casos, os telejornais deveriam se limitar a dizer que um vídeo tal e tal fora apreendido, mas que em respeito aos expectadores ele não seria exibido. Eu tenho convicção que a atitude seria aplaudida por muitos.
A verdade é que nunca gostei de televisão em cozinha. Mas, como costumo passar algum tempo sozinha, cozinhando, resolvemos comprar uma daquelas tvs pequeninas, de porteiro. E, geralmente, nos períodos de passageira solidão, vejo algum telejornal ou um destes programas bestas que passam na tv aberta.
Mas a minha implicância com a tv tem todo fundamento. Praticamente todas as vezes em que almoçamos ou jantamos com a a tv ligada, vendo jornal, fomos surpreendidos por alguma notícia desagradável (e dispensável), o que é o fim da picada. Justamente por isto, vale dizer, ela tem permanecido desligada durante as refeições.
Mas, como eu ia dizendo, hoje, eu com a mão suja de alho, não tive tempo de alcançar o aparelho e livrar-me daqueles sons absurdos, que ainda estão a povoar meus pensamentos. Sabe-se lá até quando.